Contos de Lima Barreto
By Lima Barreto
()
About this ebook
Faleceu em 1922, com pouco mais de 40 anos, deixando clássicos da literatura brasileira, como Triste fim de Policarpo Quaresma e Recordações do escrivão Isaías Caminha.
Read more from Lima Barreto
Triste fim de Policarpo Quaresma: Em quadrinhos Rating: 5 out of 5 stars5/5Contos do mar sem fim Rating: 4 out of 5 stars4/5Lima Barreto: Cronista do Rio Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsOs Melhores Contos Brasileiros - I Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsTriste fim de Policarpo Quaresma: Versão adaptada para neoleitores Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsVida e morte de M. J. Gonzaga de Sá Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsOs bruzundangas Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsLima Barreto Socialista Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsO triste fim de Policarpo Quaresma Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsOS MELHORES CONTOS BRASILEIROS II Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsOs Melhores Contos de Lima Barreto Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsO Homem que Sabia Javanês e Outros Contos Selecionados: Edição bilíngue português-inglês Rating: 5 out of 5 stars5/5Crônicas da Bruzundanga: A literatura militante de Lima Barreto Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsTriste fim de Policarpo Quaresma (Coleção Biblioteca Luso-Brasileira) Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsClara dos Anjos Rating: 0 out of 5 stars0 ratings
Related to Contos de Lima Barreto
Titles in the series (10)
A volta ao mundo em 80 dias Rating: 5 out of 5 stars5/5Caçadas de Pedrinho Rating: 5 out of 5 stars5/5O Pequeno Príncipe Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsReinações de Narizinho Rating: 5 out of 5 stars5/5O Alienista: Adaptado da obra de Machado de Assis Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsA moreninha Rating: 5 out of 5 stars5/5DOM CASMURRO: Da obra de Machado de Assis Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsVinte mil léguas submarinas Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsO Mágico de Oz: Da obra de L. Frank Baum Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsContos de Lima Barreto Rating: 0 out of 5 stars0 ratings
Related ebooks
Madame Bovary Rating: 5 out of 5 stars5/5Contos de Machado de Assis Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsMemórias póstumas de Brás Cubas: Conteúdo adicional! Perguntas de vestibular Rating: 4 out of 5 stars4/5Contos Rating: 5 out of 5 stars5/5Contos de Shakespeare Rating: 5 out of 5 stars5/5Lucrécia Bórgia Rating: 5 out of 5 stars5/5Quincas Borba: Edição anotada, com biografia do autor e panorama da vida cotidiana da época Rating: 4 out of 5 stars4/5Ilusões perdidas Rating: 4 out of 5 stars4/5Ilusões Perdidas Rating: 4 out of 5 stars4/5Morte Em Veneza Rating: 5 out of 5 stars5/5O Corcunda de Notre Dame Rating: 5 out of 5 stars5/5Sonetos Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsO Cortiço: Com ilustrações, glossário e biografia Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsA Volta ao Mundo em Oitenta Dias Rating: 5 out of 5 stars5/5Dom Casmurro: Edição anotada, com biografia do autor e panorama da vida cotidiana da época Rating: 4 out of 5 stars4/5Clara dos Anjos Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsMacunaíma Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsA metamorfose Rating: 4 out of 5 stars4/5Iracema Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsOs sofrimentos do jovem Werther Rating: 4 out of 5 stars4/5O triste fim de Policarpo Quaresma Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsO último magnata Rating: 3 out of 5 stars3/5Memórias Póstumas de Brás Cubas Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsO mercador de Veneza Rating: 5 out of 5 stars5/5Memórias de um sargento de milícias Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsCrime e Castigo Rating: 5 out of 5 stars5/5Os Melhores Contos Ingleses Rating: 2 out of 5 stars2/5A Felicidade Conjugal Rating: 5 out of 5 stars5/5O Recado do Morro Rating: 5 out of 5 stars5/5
Classics For You
A Torá (os cinco primeiros livros da Bíblia hebraica) Rating: 4 out of 5 stars4/5A Odisseia Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsDom Casmurro Rating: 4 out of 5 stars4/5Contos de Edgar Allan Poe Rating: 5 out of 5 stars5/5O Príncipe Rating: 4 out of 5 stars4/5Dom Casmurro: Edição anotada, com biografia do autor e panorama da vida cotidiana da época Rating: 4 out of 5 stars4/5Crime e Castigo Rating: 5 out of 5 stars5/5A Divina Comédia [com notas e índice ativo] Rating: 5 out of 5 stars5/5Orgulho e preconceito Rating: 5 out of 5 stars5/5Memórias Póstumas de Brás Cubas Rating: 4 out of 5 stars4/5Mulherzinhas Rating: 4 out of 5 stars4/5Persuasão Rating: 5 out of 5 stars5/5Arsene Lupin, o ladrão de casaca Rating: 4 out of 5 stars4/5Dom Quixote de la Mancha Rating: 5 out of 5 stars5/5A divina comédia Rating: 5 out of 5 stars5/5O Conde de Monte Cristo: Edição Completa Rating: 5 out of 5 stars5/5A Metamorfose Rating: 5 out of 5 stars5/5MEMÓRIAS DO SUBSOLO Rating: 5 out of 5 stars5/5A voz do silêncio Rating: 5 out of 5 stars5/5Fausto (Portuguese Edition) Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsQuincas Borba Rating: 5 out of 5 stars5/5A Felicidade Conjugal Rating: 5 out of 5 stars5/5Os sofrimentos do jovem Werther Rating: 4 out of 5 stars4/5Os MISERÁVEIS - Victor Hugo Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsMACHADO DE ASSIS: Os melhores contos Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsOs Irmãos Karamazov Rating: 5 out of 5 stars5/5Machado de Assis: obras completas Rating: 4 out of 5 stars4/5Guerra e Paz Rating: 4 out of 5 stars4/5Campo Geral Rating: 4 out of 5 stars4/5
Reviews for Contos de Lima Barreto
0 ratings0 reviews
Book preview
Contos de Lima Barreto - Lima Barreto
73
O homem que sabia javanês
Em uma confeitaria, certa vez, ao meu amigo Castro, contava eu as partidas que havia pregado às convicções e às respeitabilidades, para poder viver.
Houve mesmo, uma dada ocasião, quando estive em Manaus, em que fui obrigado a esconder a minha qualidade de bacharel, para mais confiança obter dos clientes, que afluíam ao meu escritório de feiticeiro e adivinho. Contava eu isso.
O meu amigo ouvia-me calado, embevecido, gostando daquele meu Gil Blas vivido, até que, em uma pausa da conversa, ao esgotarmos os copos, observou a esmo:
– Tens levado uma vida bem engraçada, Castelo!
– Só assim se pode viver... Isto de uma ocupação única: sair de casa a certas horas, voltar a outras, aborrece, não achas? Não sei como me tenho aguentado lá, no consulado!
– Cansa-se; mas, não é disso que me admiro. O que me admira, é que tenhas corrido tantas aventuras aqui, neste Brasil imbecil e burocrático.
– Qual! Aqui mesmo, meu caro Castro, se podem arranjar belas páginas de vida. Imagina tu que eu já fui professor de javanês!
– Quando? Aqui, depois que voltaste do consulado?
– Não; antes. E, por sinal, fui nomeado cônsul por isso.
– Conta lá como foi. Bebes mais cerveja?
– Bebo.
Mandamos buscar mais outra garrafa, enchemos os copos, e continuei:
– Eu tinha chegado havia pouco ao Rio estava literalmente na miséria. Vivia fugido de casa de pensão em casa de pensão, sem saber onde e como ganhar dinheiro, quando li no Jornal do Commercio o anúncio seguinte:
Precisa-se de um professor de língua javanesa. Cartas, etc.
Ora, disse cá comigo, está ali uma colocação que não terá muitos concorrentes; se eu capiscasse quatro palavras, ia apresentar-me. Saí do café e andei pelas ruas, sempre a imaginar-me professor de javanês, ganhando dinheiro, andando de bonde e sem encontros desagradáveis com os cadáveres
. Insensivelmente dirigi-me à Biblioteca Nacional. Não sabia bem que livro iria pedir; mas, entrei, entreguei o chapéu ao porteiro, recebi a senha e subi. Na escada, acudiu-me pedir a Grande Encyclopédie, letra J, a fim de consultar o artigo relativo a Java e a língua javanesa. Dito e feito.
Fiquei sabendo, ao fim de alguns minutos, que Java era uma grande ilha do arquipélago de Sonda, colônia holandesa, e o javanês, língua aglutinante do grupo malaio-polinésico, possuía uma literatura digna de nota e escrita em caracteres derivados do velho alfabeto hindu.
A Encyclopédie dava-me indicação de trabalhos sobre a tal língua malaia e não tive dúvidas em consultar um deles. Copiei o alfabeto, a sua pronunciação figurada e saí. Andei pelas ruas, perambulando e mastigando letras. Na minha cabeça dançavam hieróglifos; de quando em quando consultava as minhas notas; entrava nos jardins e escrevia estes calungas na areia para guardá-los bem na memória e habituar a mão a escrevê-los.
À noite, quando pude entrar em casa sem ser visto, para evitar indiscretas perguntas do encarregado, ainda continuei no quarto a engolir o meu a-b-c
malaio, e, com tanto afinco levei o propósito que, de manhã, o sabia perfeitamente.
Convenci-me que aquela era a língua mais fácil do mundo e saí; mas não tão cedo que não me encontrasse com o encarregado dos aluguéis dos cômodos:
– Senhor Castelo, quando salda a sua conta?
Respondi-lhe então eu, com a mais encantadora esperança:
– Breve... Espere um pouco... Tenha paciência... Vou ser nomeado professor de javanês, e...
Por aí o homem interrompeu-me:
– Que diabo vem a ser isso, senhor Castelo?
Gostei da diversão e ataquei o patriotismo do homem:
– É uma língua que se fala lá pelas bandas do Timor. Sabe onde é?
Oh! alma ingênua! O homem esqueceu-se da minha dívida e disse-me com aquele falar forte dos portugueses:
– Eu cá por mim, não sei bem; mas ouvi dizer que são umas terras que temos lá para os lados de Macau. E