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Cool Raul, adolescente não é aborrescente! - volume 1: Cool Raul, #1
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Cool Raul, adolescente não é aborrescente! - volume 1: Cool Raul, #1

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Raul não é o nerd da sala, tampouco o burro; é apenas Raul, o garoto mais legal do Colégio Santo Suplício. Ele está convencido de que seus pais não assistiram ao seu nascimento, que sua velha tia Gertrudes é uma espiã que continua na ativa, e que sua professora de francês é uma incendiária. Apesar de tudo, Raul acha sua vida muito bacana. Ele poderia fazer parte da galera mais descolada, mas prefere se juntar a Bart, seu melhor ami que tem fobia de cobras e aranhas. Quando Raul e Bart conhecem Catline e Li Mei, duas garotas da classe, é o início de uma grande amizade de um grupo realmente cool.


Doutor em Ciências da Religião pela Universidade de Montreal, Alain Ruiz é autor de vários romances e guias práticos com mais de 130.000 exemplares vendidos, sendo que as séries Ian Flibus (Ian Flix) – a qual alcançou um enorme sucesso no Quebec – e Les chroniques de Braven Oc foram adaptadas em quadrinhos. Alain Ruiz é casado e pai de três filhos.

LanguagePortuguês
PublisherBadPress
Release dateNov 4, 2018
ISBN9781547551101
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    Cool Raul, adolescente não é aborrescente! - volume 1 - Alain Ruiz

    Alain Ruiz

    Cool Raul

    Adolescente não é Aborrescente!

    Volume 1

    Capítulo 1 – A arte e a maneira de não convencer seus pais

    Agora, eu tenho certeza: meus pais não estavam presentes no dia do meu nascimento! Senão, como explicar a total indiferença deles para com todas as minhas demandas? No recanto mais profundo do meu ser, chego a acreditar que me lembro do que me disse a parteira quando nasci, sozinho, sem ajuda de ninguém.

    — Sinto muito, meu bebezinho lindo, mas seus pais não puderam vir para ver você nascer. Eles tinham algo mais importante para fazer.

    Em minha opinião, fui formado em um ovo e colocado em uma chocadeira até minha eclosão. Mas, antes de me encontrar na maternidade por não sei qual milagre, minha mãe provavelmente enterrou meu ovo na areia, numa praia, como o fazem as tartarugas gigantes, que, em seguida, deixam sua prole à mercê da natureza. Logo, eu conheço perfeitamente o sentimento das Tartarugas Ninja por também terem sido abandonadas.

    Para mim, é mais do que evidente. Se minha mãe e meu pai tivessem estado realmente lá quando eu entrei nesse mundo inferior, eles não poderiam ter resistido ao me ouvir soltar o meu primeiro grito, o primeiro de uma série muito, muito longa. Toda mãe e todo pai dignos de serem chamados assim só podem se sentir comovidos diante do sofrimento de seu bebê. Ora, já cheguei à décima terceira temporada do telefilme da minha vida e meus pais ainda não compreendem o que eu espero deles. Bem, quanto ao primeiro ano, eu realmente não posso criticá-los. Era tudo novo. Eles não tinham experiência. Tudo bem, eles já tinham minha irmã Clara, dois anos mais velha do que eu, mas isso não conta. Eu sou filho único, ponto final! E, depois, as necessidades de uma garota são muito diferentes das de um garoto. Não é preciso desenhar. Enfim, pouco importa; irmã mais velha ou não, meus pais tiveram tempo suficiente para se acostumarem a todos os meus atos e gestos cotidianos para responder a todas as minhas necessidades mais básicas. Mas, após treze anos, eles ainda estão na primeira etapa: Ele deve estar com fome... A menos que sua fralda esteja cheia... Ou, senão, são seus dentes que o deixam irritado.

    Pfft! Francamente, eles devem ter perdido vários episódios da minha vida, ou, então, eles não têm acesso ao replay, pois eu não vejo o que há de tão difícil em compreender quando eu digo a eles que quero um iPhone 6. A mim, parece muito claro. Por mais que eu pronuncie em voz alta, que eu soletre para ter certeza de que eles não vão confundir com um babyphone, nada acontece. Eles nem mesmo notaram meus esforços hercúleos de articulação após todas as sessões com a fonoaudióloga. E pensar que eu queria agradá-los. Bem, é verdade que eu forcei um pouco, fingindo ser disléxico, simplesmente porque meu amigo Bart me disse que sua fonoaudióloga era muito sexy. Eu queria só verificar, nada mais. E eu reconheço que o cara tinha razão. Enfim, tudo isso para dizer que a origem do problema não está em mim, mas nos meus pais, claro. Minha dicção não é, de modo algum, a questão; o problema maior é a audição deles. Eu deveria ter pedido um porta-voz em meu último aniversário. Tudo bem, nesse caso, eu provavelmente não teria ganhado o último Call of Duty para o meu PS4, e isso teria me deixado irritado por ter que esperar até o Natal.

    Até tentei ser mais sutil. Eu especifiquei bem o iPhone 6 para evitar mal-entendido. Fora de questão que eles me comprem uma versão anterior!

    — Vocês sabem, o iPhone 6, aquele exatamente depois do 5 e antes do 7! – eu disse a eles.

    Eu mencionei propositalmente o 7 a fim de prepará-los psicologicamente para me comprarem o próximo quando chegar a hora, mas eu não me demorei muito para evitar que meu pai me respondesse logo:

    — Vamos esperar sair a versão 7 para comprar o 6 para você, porque, até lá, ele estará mais barato.

    Atenção: com meu pai, é preciso saber agir; senão, a batalha está perdida antes mesmo de começar a guerra. É o iPhone 6 que eu quero, e eu quero agora. Não posso esperar sair o iPhone 7. E, depois, ninguém sabe o que o futuro nos reserva. Daqui até lá, toda forma de vida pode desaparecer da Terra se formos atingidos por um enorme meteorito. Também podemos ser invadidos por extraterrestres ladrões de tecnologias subdesenvolvidas para seus museus de obras interestelares. A história da humanidade demonstra claramente que os povos eram saqueados de suas riquezas culturais por seus conquistadores; então, por que os extraterrestres não fariam o mesmo com a Terra? Eles também devem ter milionários colecionadores de objetos exóticos provenientes de outros planetas. Nesse momento mesmo, eles talvez já estejam se preparando para nos invadir em seis meses ou um ano para nos desapropriar de todos os iPhones. Talvez até se apropriem de todos os nossos recursos naturais e de todas as nossas tecnologias para nos impedir de fabricar outros. De repente, voltaríamos para a Idade da Pedra. Então, eu teria esperado em vão para ter meu iPhone 6.

    Após todos esses anos de prática diante do espelho treinando bem minhas expressões faciais de súplica, indo do tremor dos lábios até as lágrimas em abundância, não consegui convencer meus pais. Nem os meus gestos funcionaram. E olha que não me falta técnica, graças às inúmeras horas assistindo a filmes italianos e a partidas de futebol do campeonato da Itália. Mas, evidentemente, apenas os verdadeiros italianos têm o poder de suplicar com as mãos. Não foi falta de tentar, no entanto; não podem me acusar de desistir rapidamente.

    Em uma última tentativa, eu berrei com vontade que eu queria um iPhone 6, mas me deparei com o cofre de banco com a porta mais grossa do mundo. Nem o sopro do Grande Lobo Mal nem o grito de Carrie – sem ofensas ao Senhor Stephen King – poderia vencer meus pais. Sua indiferença a meu respeito é mais forte do que Hulk e o Super-Homem juntos. Minha mãe e meu pai me olham sempre com esse mesmo ar espantado bastante típico quando faço meus pedidos um pouco particulares.

    Por um instante, quase acreditei que eles diriam sim ao iPhone 6, mas logo vi que eles estavam fingindo refletir. Sem perder tempo consultando um ao outro, eles me disseram: NÃO. Foi como se eu tivesse recebido um golpe com o grande martelo de Thor.

    — Quando vocês dizem não, vocês querem dizer não hoje, mas talvez amanhã? – perguntei.

    — Não por hoje, não por amanhã e não pelos dias seguintes – respondeu prontamente minha mãe.

    — Mesmo se eu contribuir com a minha mesada dos dois anos seguintes?

    — NÃO!

    — Dos cinco anos seguintes?

    — NÃO!

    Ah, como eu detesto esse NÃO! Deveriam proibir essa palavra da boca dos pais. Nossos governantes deveriam votar uma lei nesse sentido. Afinal de contas, em vários países, a palmada está doravante proibida. Nas escolas, o regulamento também proíbe qualquer castigo corporal; até nas cantinas escolares e durante o recreio, parece que não se pode mais impedir as crianças de fazer bagunça. Isso favorece a sociabilização, parece. Então, por que não se pode obrigar os adultos a SEMPRE nos dizer SIM, para o nosso bom desenvolvimento pessoal? De repente, a vida seria bem mais simples.

    — Posso ter um iPhone 6?

    — SIM. Vamos comprar um essa tarde, sem falta.

    — Posso ver TV hoje à noite mesmo se eu tiver aula amanhã de manhã?

    — SIM. Você pode até assistir a noite toda, se quiser.

    — Não quero ir à aula hoje, posso ficar em casa?

    — SIM. Assim, você pode continuar sua partida de videogame.

    — Posso deixar meu quarto bagunçado?

    — SIM. Eu o arrumarei para você.

    — Posso jogar bola dentro de casa mesmo correndo o risco de quebrar alguma coisa?

    — SIM. Nós inclusive contratamos um seguro contra quebras.

    A vantagem é que, assim, haveria menos conflitos entre pais e filhos. Viveríamos mais em harmonia. Não seríamos mais obrigados a irritá-los durante dias porque eles nos disseram NÃO.

    A mesma coisa na escola. As relações entre professores e alunos seriam bem mais amigáveis se proibissem o NÃO.

    — Senhora, posso colar minhas cacas de nariz embaixo da mesa?

    — SIM. Vou até tirar uma foto para meu álbum de recordação.

    — Posso sair para pegar um ar no corredor enquanto você resolve o meu problema de matemática?

    — SIM, com prazer. Eu chamo você quando tiver terminado.

    — Minha mãe pode vir fazer a prova em meu lugar?

    — SIM, ou, então, o seu pai, se ela não tiver disponibilidade.

    — Posso ir embora mais cedo hoje? É que a minha série preferida começa trinta minutos antes do fim da aula.

    — SIM, sem problema. Eu até sugiro que você vá embora uma hora mais cedo, para não correr o risco de perder o começo.

    — Posso ir ao banheiro toda vez que eu

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