Ebook337 pages6 hours
O antimodernista: Graciliano Ramos e 1922
Rating: 0 out of 5 stars
()
About this ebook
Nas crônicas, entrevistas e cartas reunidas neste livro, Graciliano Ramos revela sua visão muito particular do movimento modernista brasileiro, simbolizado pela Semana de Arte Moderna de 1922.
Neste O antimodernista: Graciliano Ramos e 1922, organizado por Thiago Mio Sallae Ieda Lebensztayn,o leitor encontrará a consciência crítica e autocrítica de um Graciliano Ramos na contracorrente do triunfalismo modernista, simbolizado pela Semana de Arte Moderna de 1922. É a perspectiva de um artista que duvida da idolatria ao progresso e recusa o fascínio pelo novo, quando os exageros ignoram as desigualdades sociais do país.
Não se trata, contudo, de uma defesa do tradicionalismo nem de reacionarismo. Neste livro, por meio de seus textos — crônicas, entrevistas, cartas —,vemos um Graciliano incomodado com os descaminhos da civilização ocidental, e que manifesta sua postura desconfiada e vigilante de modo contínuo. Aqui, o leitor será levado a questionar os vínculos, em termos de proximidades e diferenças, de Graciliano com Mário de Andrade e Oswald de Andrade, e com a literatura moderna nordestina — de intelectuais e artistas como Manuel Bandeira, Santa Rosa, os alagoanos Aurélio Buarque de Holanda, Valdemar Cavalcanti, Jorge de Lima, além dos representantes do chamado romance de 1930, como José Lins do Rego, Jorge Amado e Rachel de Queiroz. O leitor poderá constatar ainda como o trabalho de organizar uma antologia de contos brasileiros marcou a perspectiva de Graciliano, revelando seus critérios artísticos.
Graciliano defendia a clareza da escrita e uma técnica ficcional feita de circunspecção, introspecção e respeito às palavras e aos seres, capaz de articular a representação crítica e a expressão subjetiva de impasses sociais e morais. Os textos presentesem O antimodernista permitem que se conheçam e se compreendam melhor os vínculos do autor de Vidas secas com o modernismo, suas reflexões sobre os critérios de permanência das obras de arte e seu olhar agudo sobre o Brasil.
"GRACILIANO RAMOS: Os modernistas brasileiros, confundindo o ambiente literário do país com a Academia, traçaram linhas divisórias rígidas (mas arbitrárias) entre o bom e o mau. E, querendo destruir tudo que ficara para trás, condenaram, por ignorância ou safadeza, muita coisa que merecia ser salva. Vendo em Coelho Neto a encarnação da literatura brasileira — o que era um erro — fingiram esquecer tudo quanto havia antes, e nessa condenação maciça cometeram injustiças tremendas. [...]
REVISTA DO GLOBO: Quer dizer que não se considera modernista?
GRACILIANO RAMOS: Que ideia! Enquanto os rapazes de 22 promoviam seu movimentozinho, achava-me em Palmeira dos Índios, em pleno sertão alagoano, vendendo chita no balcão."
— Trecho de entrevista concedida por Graciliano Ramos em 1948.
Neste O antimodernista: Graciliano Ramos e 1922, organizado por Thiago Mio Sallae Ieda Lebensztayn,o leitor encontrará a consciência crítica e autocrítica de um Graciliano Ramos na contracorrente do triunfalismo modernista, simbolizado pela Semana de Arte Moderna de 1922. É a perspectiva de um artista que duvida da idolatria ao progresso e recusa o fascínio pelo novo, quando os exageros ignoram as desigualdades sociais do país.
Não se trata, contudo, de uma defesa do tradicionalismo nem de reacionarismo. Neste livro, por meio de seus textos — crônicas, entrevistas, cartas —,vemos um Graciliano incomodado com os descaminhos da civilização ocidental, e que manifesta sua postura desconfiada e vigilante de modo contínuo. Aqui, o leitor será levado a questionar os vínculos, em termos de proximidades e diferenças, de Graciliano com Mário de Andrade e Oswald de Andrade, e com a literatura moderna nordestina — de intelectuais e artistas como Manuel Bandeira, Santa Rosa, os alagoanos Aurélio Buarque de Holanda, Valdemar Cavalcanti, Jorge de Lima, além dos representantes do chamado romance de 1930, como José Lins do Rego, Jorge Amado e Rachel de Queiroz. O leitor poderá constatar ainda como o trabalho de organizar uma antologia de contos brasileiros marcou a perspectiva de Graciliano, revelando seus critérios artísticos.
Graciliano defendia a clareza da escrita e uma técnica ficcional feita de circunspecção, introspecção e respeito às palavras e aos seres, capaz de articular a representação crítica e a expressão subjetiva de impasses sociais e morais. Os textos presentesem O antimodernista permitem que se conheçam e se compreendam melhor os vínculos do autor de Vidas secas com o modernismo, suas reflexões sobre os critérios de permanência das obras de arte e seu olhar agudo sobre o Brasil.
"GRACILIANO RAMOS: Os modernistas brasileiros, confundindo o ambiente literário do país com a Academia, traçaram linhas divisórias rígidas (mas arbitrárias) entre o bom e o mau. E, querendo destruir tudo que ficara para trás, condenaram, por ignorância ou safadeza, muita coisa que merecia ser salva. Vendo em Coelho Neto a encarnação da literatura brasileira — o que era um erro — fingiram esquecer tudo quanto havia antes, e nessa condenação maciça cometeram injustiças tremendas. [...]
REVISTA DO GLOBO: Quer dizer que não se considera modernista?
GRACILIANO RAMOS: Que ideia! Enquanto os rapazes de 22 promoviam seu movimentozinho, achava-me em Palmeira dos Índios, em pleno sertão alagoano, vendendo chita no balcão."
— Trecho de entrevista concedida por Graciliano Ramos em 1948.
Read more from Graciliano Ramos
Cangaços Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsOs Melhores Contos Brasileiros - I Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsPequena história da República Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsViagem Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsVidas Secas Rating: 0 out of 5 stars0 ratings
Related to O antimodernista
Related ebooks
A Literatura Brasileira Através dos Textos Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsHistoria da Literatura Brasileira: Realismo e simbolismo Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsFogo Morto Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsCom Clarice Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsHistória da Literatura Brasileira - Vol. III: Desvairismo e Tendências Contemporâneas Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsOs Russos Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsAqueles que queimam livros Rating: 4 out of 5 stars4/5Machado de Assis: Crítica literária e textos diversos Rating: 5 out of 5 stars5/5Percursos da poesia brasileira: Do século XVIII ao século XXI Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsPoesia para quê? Rating: 2 out of 5 stars2/5Gregório de Matos - Volume 1: Poemas atribuídos. Códice Asensio-Cunha Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsGraciliano Ramos: uma narrativa social como reflexão Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsMimesis: A Representação da Realidade na Literatura Ocidental Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsContos da era do jazz Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsReunião de poemas Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsDoidinho Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsLer e escrever no escuro: A literatura através da cegueira Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsFormação Épica da Literatura Brasileira Rating: 3 out of 5 stars3/5História & Modernismo Rating: 5 out of 5 stars5/5Crônicas da Bruzundanga: A literatura militante de Lima Barreto Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsAulas de literatura russa: de Púchkin a Gorenstein Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsTorquato Neto - Essencial Rating: 2 out of 5 stars2/5100 crônicas escolhidas: Um alpendre, uma rede, um açude Rating: 0 out of 5 stars0 ratings
Literary Criticism For You
O mínimo que você precisa fazer para ser um completo idiota Rating: 2 out of 5 stars2/5Literatura: ontem, hoje, amanhã Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsHécate - A deusa das bruxas: Origens, mitos, lendas e rituais da antiga deusa das encruzilhadas Rating: 5 out of 5 stars5/5Coisa de menina?: Uma conversa sobre gênero, sexualidade, maternidade e feminismo Rating: 4 out of 5 stars4/5Romeu e Julieta Rating: 4 out of 5 stars4/5História concisa da Literatura Brasileira Rating: 5 out of 5 stars5/5A Literatura Portuguesa Rating: 3 out of 5 stars3/5Olhos d'água Rating: 5 out of 5 stars5/5A formação da leitura no Brasil Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsGuia Único das Ciência Humanas na Redação: Como trabalhar o repertório sociocultural Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsO Jesus Histórico Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsFamílias em perigo: O que todos devem saber sobre a ideologia de gênero Rating: 3 out of 5 stars3/5A arte do romance Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsA Eternidade Numa Hora Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsOs Lusíadas (Anotado): Edição Especial de 450 Anos de Publicação Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsLiteraturas africanas: perspectivas e desafios no século XXI Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsO riso da Medusa Rating: 5 out of 5 stars5/5Felicidade distraída Rating: 5 out of 5 stars5/5Introdução à História da Língua e Cultura Portuguesas Rating: 5 out of 5 stars5/5Cansei de ser gay Rating: 2 out of 5 stars2/5Para Ler Grande Sertão: Veredas Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsUm soco na alma: Relatos e análises sobre violência psicológica Rating: 0 out of 5 stars0 ratings