Didática e Estágio
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Esta produção destina-se a professores do ensino superior e fundamental, estudantes de licenciaturas, professores parceiros das escolas-campo e alunos estagiários, pesquisadores e aqueles que se debruçam sobre o Estágio e as práticas educativas em contextos escolares.
As contribuições desta obra são um convite a conversar, avaliar e pensar sobre as práticas de ensino, compreender a profissão e a formação de professores e refletir sobre os estágios e a aprendizagem docente.
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Book preview
Didática e Estágio - Kalline Pereira Aroeira
Editora Appris Ltda.
1ª Edição - Copyright© 2018 do autor
Direitos de Edição Reservados à Editora Appris Ltda.
Nenhuma parte desta obra poderá ser utilizada indevidamente, sem estar de acordo com a Lei nº 9.610/98.
Se incorreções forem encontradas, serão de exclusiva responsabilidade de seus organizadores.
Foi feito o Depósito Legal na Fundação Biblioteca Nacional, de acordo com as Leis nºs 10.994, de 14/12/2004 e 12.192, de 14/01/2010.
COMITÊ CIENTÍFICO DA COLEÇÃO EDUCAÇÃO, TECNOLOGIAS E TRANSDISCIPLINARIDADE
APRESENTAÇÃO
Este livro resulta de um projeto colaborativo de pesquisadores do Grupo de Estudos e Pesquisas sobre a Formação de Educadores, da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (Gepefe/Feusp).¹ Em sua trajetória, o Gepefe tem abarcado e fomentado processos investigativos e ações voltadas para a produção de contribuições e saberes em prol de uma escola pública e de uma formação de professores de melhor qualidade.
Produzido a partir de pesquisas e experiências realizadas em diferentes contextos institucionais, apresenta subsídios e reflexões em relação à educação básica e aos cursos de licenciatura, colocando em evidência as concepções e a relação entre a Didática e o Estágio Supervisionado na formação de futuros professores. Suas autoras são professoras de Didática e Estágios em cursos de licenciaturas, em diversas universidades do País. Seus textos dialogam tendo por pressupostos comuns a unidade entre a teoria e a prática na formação de professores para a educação básica e a defesa de um projeto de formação inicial de professores compreendidos como profissionais intelectuais crítico-reflexivos, pesquisadores de sua práxis e da práxis educativa que se realiza na escola.
Em um movimento de novos e antigos questionamentos, as autoras perguntam-se pelo papel da Didática na formação de professores e sua contribuição no processo de reflexão sobre a atividade docente. Enfatizam a relevância do campo teórico, profissional e investigativo da Didática como imprescindível na formação dos professores, entendendo que ela fundamenta a análise criteriosa do processo de ensino. Desse modo, sustenta-se a necessária articulação entre as disciplinas de Estágio e Didática e as demais nos processos de formação inicial e reitera-se a escola como importante lócus da formação docente, propondo-a como ponto de partida e de chegada da formação.
Nessa perspectiva, analisam como a Didática e os Estágios, dentre as disciplinas pedagógicas, explicitamente relacionadas com a atividade docente, podem contribuir para que a unidade (e não separação) entre teoria e prática seja fomentada na formação de professores.
Assim, o Estágio configura-se como um campo de conhecimento, com estatuto epistemológico próprio, o que supera a conhecida concepção que o refere como a parte prática e prescritiva dos cursos. Dessa forma, o Estágio produz-se na interação dos cursos de formação com o campo social no qual se desenvolvem as práticas educativas. Apesar dos avanços na legislação voltada à formação de professores, por exemplo, a oferta da disciplina Estágio Supervisionado não mais ser somente ao final do curso, as dificuldades com relação ao Estágio e práticas permanecem.
Algumas propostas emergem das pesquisas realizadas pelas autoras dos textos: que o estágio seja realizado como e com pesquisa; que seja compreendido como eixo articulador do processo formativo; e que seja desenvolvido em colaboração entre as instituições formadoras que ancoram a produção de saberes e a práxis docente realizada em contextos escolares, especialmente nas redes públicas.
No contexto dessas possibilidades formativas, os textos apontam caminhos para dotar os cursos de licenciatura de melhor qualidade formativa. Assim como os ricos achados das análises críticas que realizaram de experiências próprias, nos estimulam a muitos olhares e análises dos diferentes sujeitos envolvidos: os professores das escolas, os colegas da Universidade de diversos cursos e os estudantes das licenciaturas.
O primeiro capítulo, A didática e os estágios em licenciaturas: uma articulação necessária na produção de práticas pedagógicas
(Kalline Pereira Aroeira), situa diálogos entre as disciplinas Didática e Estágio, considerando a bibliografia atualizada sobre o assunto e investigação junto aos professores supervisores de estágio, propõe possibilidades em relação ao fortalecimento do trabalho com essas disciplinas em cursos de licenciatura e define a importância da articulação entre as disciplinas, especialmente no que se refere a tratar, nessa formação docente, da reflexão sobre novas ações fundamentadas em teorias que apontem ações didáticas articuladas com as necessidades práticas da docência na escola de educação básica.
O segundo capítulo, A centralidade da didática na formação de professores: a crítica à didática crítica não é crítica
(Lenilda Rêgo Albuquerque de Faria), a partir de processos reflexivos fundamentados e desencadeados pelo referencial teórico do materialismo histórico dialético, sustenta o entendimento sobre a Pedagogia como ciência da e para a práxis educativa e sobre a Didática como prática social. Como desfecho dessa reflexão, a autora defende que a crítica à Didática crítica não é crítica, isto é, a crítica oriunda do modo pós-moderno de pensar não é crítica. A conclusão a que chega respalda-se na compreensão segundo a qual uma crítica é crítica quando apreende os fenômenos na sua radicalidade, ou seja, em suas raízes.
O terceiro capítulo, Ensino e aprendizagem na educação básica: perspectiva de estudantes para a formação docente
(Sueli de Lima e Maria Isabel de Almeida), investiga quais relações estudantes entre 11 e 15 anos, do ensino fundamental, estabelecem com os saberes escolares, buscando sistematizar suas contribuições para a Didática e para a formação de professores. Com base nessa discussão, ao final, as autoras ressaltam que articular as dimensões do trabalho da escola com as licenciaturas para a constituição de comunidades de aprendizagens (nas escolas, nas universidades e entre elas) pode propiciar o desenvolvimento de culturas pedagógicas capazes de reinventar a escola, reconstruindo as relações de saberes na direção de superarmos a naturalização da reprovação e instaurando novos impulsos para a pedagogia nas licenciaturas.
No quarto capítulo, As legislações atuais, a prática e o estágio nos cursos de formação de professores
(Yoshie Ussami Ferrari Leite), a autora apresenta algumas reflexões acerca de uma nova concepção de professor que melhor responda às demandas da escola pública, aos problemas atuais dos processos formativos desses docentes, envolvendo a questão do Estágio Supervisionado e da prática como componente curricular, e procede à análise dessas questões à luz das legislações educacionais. Para finalizar, a autora enfatiza a necessidade de a prática curricular e o Estágio Supervisionado, na organização do projeto pedagógico do curso de formação de professores, assegurarem a articulação entre as condições de trabalho e a formação teórica, isto é, que se consiga, verdadeiramente, transformar o contexto do trabalho em oportunidade de formação.
No quinto capítulo, Didática e estágio na licenciatura: por que pensar o ensino com(o) pesquisa?
(Amanda Cristina Teagno Lopes Marques), a autora descreve e analisa a proposta pedagógica desenvolvida na disciplina Didática e novas tecnologias para a educação
, articulando a essa reflexão os conceitos de ensino com e como pesquisa. A autora afirma que fazer com que todos os estudantes aprendam não é apenas uma questão de formação inicial do professor ou de existência de materiais didáticos como apostilas, ainda que bem organizados; inúmeras outras variáveis institucionais e de contexto social mais amplo influenciam esse processo, e desconsiderá-las implica responsabilizar unicamente o aluno, ou o professor, pela não aprendizagem. Por fim, afirma ser imprescindível considerar o ensino em suas condições concretas, a formação de professores como intelectuais crítico-reflexivos, comprometidos com os processos de aprendizagem de seus alunos e, também, engajados na luta por melhores condições de trabalho.
O sexto capítulo, Relação entre universidade e escolas-campo de estágio: contribuições ao projeto político-pedagógico dos cursos de licenciatura
(Erika Barroso Dauanny), teve por foco o Estágio Curricular Supervisionado na formação inicial universitária de professores de Matemática para a educação básica. A relação entre a universidade e as escolas-campo de estágio foi uma das categorias evidenciadas na pesquisa realizada. Essa articulação exige, entre outros aspectos, que as questões e contribuições que os professores e estagiários trazem da escola sejam acolhidas, reconhecidas, problematizadas e estudadas com profundidade, de forma a serem trazidos elementos para a ampliação dos saberes sobre a escola e para a construção de alternativas para o enfrentamento dos desafios colocados pelo cotidiano escolar e pela formação.
O sétimo e último capítulo, A articulação entre escola e universidade na formação de professores: o Pibid como experiência contraditória
(Camila Itikawa Gimenes), focaliza o Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência como objeto empírico, não por entender a autora que esse programa configura-se como um modelo para as licenciaturas, mas sim pela aproximação (ainda que incipiente) entre escola e universidade, possibilitada no âmbito dessa política. A autora destaca os avanços que esse programa promove na concretização dessa relação, assim como os problemas que ele coloca e as contradições postas em movimento na sua realização. A autora finaliza salientando que o Pibid evidencia contradições no âmbito das políticas para formação inicial docente. Assim, de acordo com o modo de compreender o que é ser professor e o que é a formação de futuros professores, o Pibid poderá inserir-se nas mesmas disputas em que se insere o estágio, contrapondo perspectivas formativas nos campos burocrático, pragmático e da práxis.
Esta obra é um convite a conversar, avaliar, pensar sobre as práticas de ensino, compreender a formação e a profissão docente e refletir sobre os Estágios e a práxis na formação de professores. Ao se envolver com os seus textos, cada leitora ou leitor realizará um encontro com a Didática e Estágios, sendo desafiado a aprofundar-se nas questões referentes à aprendizagem docente. Esperamos que sua leitura lhes permita desfrutar das contribuições que traz e dialogar com suas próprias análises e reflexões, com vistas a os empoderar como profissionais crítico-reflexivos, para que contribuam para a transformação da práxis social da docência!
Kalline Pereira Aroeira
Selma Garrido Pimenta
Organizadoras
Vitória (ES) e São Paulo (SP), 18 de maio de 2018
SUMÁRIO
1
A DIDÁTICA E OS ESTÁGIOS EM LICENCIATURAS: UMA ARTICULAÇÃO NECESSÁRIA NA PRODUÇÃO DE PRÁTICAS PEDAGÓGICAS
Kalline Pereira Aroeira
Introdução
A formulação de práticas pedagógicas na escola: reflexões sobre o Estágio Supervisionado
As disciplinas Didática e Estágio em cursos de licenciatura: interfaces na formação
de professores
Em relação ao diálogo entre a Didática e os Estágios: possibilidades para a
articulação dessas disciplinas em cursos de licenciatura
Considerações finais
Referências
2
A CENTRALIDADE DA DIDÁTICA NA FORMAÇÃO DE PROFESSORES: A CRÍTICA
À DIDÁTICA CRÍTICA NÃO É CRÍTICA
Lenilda Rêgo Albuquerque de Faria
Introdução
O modo pós-moderno de pensar: a crítica à didática crítica não é crítica
Com a palavra os didatas: a didática crítica no contexto dos questionamentos pós-modernos
Pistas para a formação de professores: contribuições da didática crítica
Considerações finais, ou novos pontos de partida
Referências
3
ENSINO E APRENDIZAGEM NA EDUCAÇÃO BÁSICA: PERSPECTIVA DE ESTUDANTES PARA A FORMAÇÃO DOCENTE
Sueli de Lima
Maria Isabel de Almeida
Introdução
A didática na visão dos estudantes
Entrar na escola é participar de uma relação com o saber
Dialogando com as narrativas de estudantes: contribuições à didática e à formação
de professores
Considerações finais
Referências
4
AS LEGISLAÇÕES ATUAIS, A PRÁTICA E O ESTÁGIO NOS CURSOS DE
FORMAÇÃO DE PROFESSORES
Yoshie Ussami Ferrari Leite
Os estágios e as práticas nos cursos de formação de professor
Formação de professores e o estágio na legislação educacional
Concluindo
Referências
5
DIDÁTICA E ESTÁGIO NA LICENCIATURA: POR QUE PENSAR O ENSINO
COM(O) PESQUISA?
Amanda Cristina Teagno Lopes Marques
Introdução
A disciplina didática e sua contribuição à formação de professores
A disciplina Didática e Novas Tecnologias para a Educação
na licenciatura em
Letras do IFSP – Campus São Paulo
Estágio e formação de professores
Ensino com pesquisa: estratégia para pensar o ensino como pesquisa?
Considerações finais
Referências
6
RELAÇÃO ENTRE UNIVERSIDADE E ESCOLAS-CAMPO DE ESTÁGIO: CONTRIBUIÇÕES AO PROJETO POLÍTICO-PEDAGÓGICO DOS CURSOS DE LICENCIATURA
Erika Barroso Dauanny
Introdução
Das concepções necessárias: de professor, de formação e de estágio
Da relação universidade e escolas-campo de estágio: contribuições para um
projeto político pedagógico dos cursos de licenciatura
Algumas considerações
Referências
7
A ARTICULAÇÃO ENTRE ESCOLA E UNIVERSIDADE NA FORMAÇÃO DE PROFESSORES: O PIBID COMO EXPERIÊNCIA CONTRADITÓRIA
Camila Itikawa Gimenes
O estágio em disputa: diferentes concepções de estágio na formação de professores
O Pibid como espaço contraditório de formação de professores
Pibid e estágio: que relação é essa?
A possibilidade de efetivação do estágio como práxis
Agradecimentos
Referências
sobre os autores
1
A DIDÁTICA E OS ESTÁGIOS EM LICENCIATURAS: UMA ARTICULAÇÃO NECESSÁRIA NA PRODUÇÃO DE PRÁTICAS PEDAGÓGICAS
Kalline Pereira Aroeira²
Introdução
Este texto analisa a relação entre a Didática e o Estágio Supervisionado na formação de professores. Focaliza os diálogos identificados entre as disciplinas Didática e Estágio, considerando a recente discussão sobre o assunto, bem como a visão de professores relacionados com esse contexto. Propõe possibilidades em relação ao fortalecimento do trabalho com essas disciplinas em cursos de licenciatura.
Ao atuar como professora de Didática em curso de licenciatura, tenho identificado, nos últimos anos, a necessidade de explorar reflexões em sala de aula e de investir maior atenção à produção de estudos sobre a Didática e o campo Estágio Supervisionado. Como supervisora de Estágio, constatei, a cada semestre, a importância do trabalho conjunto entre essas duas disciplinas, especialmente no que se refere à constituição de atividades docentes como práxis, ao processo de planejamento e ao âmbito de atuação do profissional professor.
Compreendo que os Estágios, assim como a Didática, não podem sozinhos ser responsáveis por realizar todas as articulações e interlocuções de um curso de formação de professores; podem contribuir nesse processo, mas essa tarefa deve estar embutida em cada disciplina, no sentido de não se perder de vista que a escola deve ser tomada como referência para a formação, resgatando-a como campo de atuação em todas as disciplinas desse curso.
Nesse contexto, um desafio que precisa ser superado nos Estágios é o distanciamento da reflexão ministrada nas disciplinas Estágios Supervisionados em relação às experiências e atividades docentes construídas e realizadas durante o processo de Estágio. Em alguns casos, essa reflexão não acontece ou ocorre distante dos dilemas vividos na escola.
Ao adentrar na discussão desses temas, reconheço que, no interior do debate sobre a formação de professores, vão sendo aprofundados problemas crônicos enfrentados pelas instituições formadoras: falta de articulação entre teoria e prática educacional, entre formação geral e formação pedagógica, entre conteúdos e métodos. Nesse quadro, presencio a necessidade de superação do paradigma da racionalidade técnica, como apontam inúmeros autores (CONTRERAS DOMINGO, 2002; GIROUX, 1997; GHEDIN, 2002; LIBÂNEO, 2002; PIMENTA, 2002).
Essa necessidade impõe-se porque esse modelo se mostra inadequado à realidade docente e, nesse contexto, o Estágio foi sendo identificado como a parte prática dos cursos de formação de profissionais, em contraposição à teórica, e a Didática, por sua vez, na perspectiva da Didática instrumental, em oposição à Didática fundamental.
Como afirmam Ghedin, Almeida e Leite (2008), o Estágio nesse formato não tem contribuído para favorecer a análise crítica da prática docente em sala de aula nem tem conseguido formar uma atitude docente que supere uma perspectiva tecnicista e conservadora de educação. Entretanto, nas últimas décadas, surgiram outras concepções de Estágio, que visam a superar a dicotomia entre a teoria e a prática. Tem-se, também, como afirma Lisita (2006), identificado, em relação à Didática, estudos e pesquisas que têm conduzido à valorização de perspectivas de trabalho fundadas numa racionalidade reflexiva.
Interessa, portanto, considerar essas novas concepções, questionando a preocupação com o futuro docente e apresentando contribuições para a construção de um novo paradigma de formação de professores que supere a racionalidade técnica.
Para tanto, é importante analisar, conforme aponta Franco (2013, p. 153), que a Didática nos convida a refletir sobre a atividade docente frente à realidade de ensino
. Isso significa que a reflexão didática pode ser uma importante ferramenta presente nos processos formativos dos Estágios Supervisionados, uma vez que, como teoria de ensino, a Didática se preocupa com a finalidade