Revista de Vinhos

Os falsos portugueses

J.A. Dias Lopes é considerado a referência do jornalismo gastronómico no Brasil. Escreve atualmente na edição online da “Veja”, já colaborou com várias publicações e é autor de vários livros sobre história e gastronomia.

O português que for ao Japão e desembarcar no país sem ter ideia do que seja sushi, sashimi, missoshiro e sukiaki, poderá estranhar a comida. Mas, ao trincar uma fatia de kasutera - bolo à base de açúcar, farinha de trigo, ovos e outros ingredientes - vai sentir-se um pouco em casa. Trata-se da versão japonesa do pão de ló lusitano, saboreada em comemorações privadas, públicas e como comida de rua. Se a experiência for em Nagasaki, no sul do Japão, melhor ainda. Famosa como cenário da ópera Madame Butterfly, de Giacomo Puccini, e também por ter sido alvo de uma bomba atómica lançada pelos norte-americanos na Segunda Guerra Mundial, a cidade notabiliza-se pela elaboração do kasutera. Não por acaso, foi centro de influência colonial portuguesa no país a partir do século XVI. Hoje, os seus habitantes preparam o bolo apetitoso numa festa de fim de ano assinalada em desfile que inclui réplicas das antigas caravelas lusitanas.

Os primeiros portugueses chegaram ao Japão em 23 de setembro de 1543. Aportaram em pequeno grupo na ilha de Tanegashima, cerca de 500 quilómetros a sul de Nagasaki. Eram os navegadores António Mota, António Peixoto, Francisco Zeimoto e, provavelmente,

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