
Depois de ler muitos textos, ler dezenas de opiniões no Instagram, conversar com alguns fotojornalistas experientes e entrevistar a fotógrafa Gabriela Biló sobre a polêmica foto do presidente Lula, fèita com dupla exposição e publicada na primeira página da Folha de S.Paulo no dia 19 de janeiro de 2023, foi possível chegar a algumas conclusões: ela não foi antiética ao produzir a imagem, apenas um pouco imprudente; o momento de publicação pareceu inadequado diante dos acontecimentos ameaçadores de 8 de janeiro e da polarização política atual; os editores da Folha foram os principais responsáveis pela decisão que causou tanta discussão, não a fotógrafa; as ofensas dirigidas a ela (houve até ameaça de morte) mostraram que a incitação à violência não é privilégio somente da direita extremista.
Adupla (ou múltipla) exposição é um recurso antigo, dos tempos analógicos. Não é estranho ao fotojornalismo, pois é comum vé-lo sendo usado em esportes (para mostrar a sequência de movimentos de um atleta), em coberturas de shows e em pautas do cotidiano. Esse uso “lúdico” jamais gerou polêmica, atesta Eduardo Nicolau, que foi editor de fotografia do Estadão de 2010 a 2021, e o responsável pela contratação de Gabriela Biló, em 2013. Seis anos depois ele a indicou para trabalhar na sucursal de Brasília (DF), onde a fotógrafa ficou até 2022 antes de se transferir para a sucursal da .